terça-feira, 18 de agosto de 2009

Pe. Amaro e o Seu Crime


Primeiro romace realista da literatura portuguesa, O Crime do Padre Amaro revelou um dos maiores romancistas portugueses e chocou a sociedade da época com sua denúncia social e religiosa.
Criado dentro de um sistema, no qual ser padre implicaria uma vida social arranjanda, Amaro ordenou-se, mas nunca deixou de ser homem e se apaixonou por Amélia. Já sacerdote em Leiria, espanta-se, no início, com o cinismo explícito dos seus colegas de batina. Começa a perceber que tudo que o cerca, é de forma pecaminosa. Está, na verdade, disfarçado em uma entidade social.
Segundo Jean Jacques Rousseau, escritor suiço, em seu livro sobre a teoria da personalidade, era a sociedade quem corrompia o homem. Subestimou-se a possibilidade da sociedade reflectir, exatamente, a totalidade das tendências humanas. Outra concepção acerca da personalidade foi baseada na constituição biotipológica, segundo a qual a genética não estaria limitada exclusivamente à cor dos olhos, dos cabelos, da pele, à estatura, aos distúrbios metabólicos e, às vezes, às péssimas formações físicas, mas também, determinaria as peculiares maneiras do indivíduo em relaciornar-se com o mundo: seu temperamento, seus traços afectivos, etc.
Com este entendimento e as demais evidencias do livro, perguntamo-nos se o que Padre Amaro fez querer o título de crime. Ou seja, por mais que Amaro tenha cometido qualquer crime, e queremos aqui abrir um parenteses para dizer que o seu crime maior foi não viver esse amor, porque acreditamos que ele amava Amélia e a partir desta constatação travou uma luta entre seu futuro como padre e suas comodidades e o que sentia, entendemos que nada fez conscientemente e estava envolvido por tudo que trazia em suas memórias como formação do sujeito. Para ele algo estava errado, dentro do quadro que se apresentava, todavia o que mais contou foi tudo que estava armazendo em sua mente.
Para nós, Pe. Amaro foi induzido, carregado, e, por que não dizer, vítima de todo um sistema pronto que condiciona o sujeito de uma tal forma que o mesmo fica sem opções.
Não queremos provar nada, contudo, Amaro, lembra-nos algo muito importante, uma passagem bíblica em que Cristo disse: “ Atire a primeira pedra, quem entre vós não tiver um pecado”.
E, para finalizar, queremos fazer um “gancho” para outra reflexão, desta vez sobre a vida desses quatro personagens: Amaro, Amélia, Cristo e Madalena.

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