terça-feira, 13 de julho de 2010

Saramago e o Atos de Ler e Escrever


"Escrever é traduzir, mesmo quando estivermos a utilizar a nossa própria língua.
Transportamos o que vemos e o que sentimos para um código convencional de signos, a escrita e deixamos às circunstâncias e aos acasos da comunicação a responsabilidade de fazer chegar à inteligência do leitor, não tanto a integridade da experiência que nos propusemos transmitir, mas um sombra ao menos, do que no fundo do nosso espírito sabemos bem ser intraduzível, por exemplo, o deslumbramento de uma descoberta, esse instante fugas de silêncio anterior à palavra que vai ficar na memória como o rasto de um sonho que o tempo não apagará por completo". José Saramago.


Quiçá, "às circunstâncias e aos acasos da comunicação" possam ser entendidos como aqueles momentos únicos, vividos em sala de aula, nos quais o professor é o caminho, não atravessador, mas verdadeiramente educador.
Da mesma forma que podem ser entendidos pela oportunidade perdida de não conseguir chegar "à inteligência do leitor".
O estímulo à leitura precisa partir do entendimento que todos são leitores e estimular nem sempre significa aumentar a leitura, mas sim considerar as leituras que nosso aluno já utiliza e a partir delas encorajar que se crie um campo de leitura maior.
Imaginamos que nesse caminho, como dizia o próprio Saramago, não chegaremos a essência entendida da escrita que se quer transmitir, mas um novo campo se cria, um novo espaço dialético se forma e faz coexistir ambas linguagens, sonhos, imaginação, intenção de autor e leitor.