terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Metodologias Para Literatura


Muitas questões cercam a intencionalidade do ensino da literatura, bem como o seu conceito, pois a mesma sempre esteve à mercê de seus períodos históricos que determinavam seu ensinamento. De forma generalizada essa amostra começa em Platão e Aristóteles, que deram os primeiros conceitos do que era literatura, passando pela Idade Média, na qual a igreja estabelecia as regras do que poderia ser escrito e lido; da mesma forma, dentro do Renascimento, período esse marcado pelo capitalismo, no qual os burgueses direcionavam a arte e a literatura. A partir do Romantismo, a literatura passa a ter uma libertação maior que vem ao encontro do indivíduo, tendo também influência da revolução industrial com seus problemas típicos e tem como pano de fundo o amor e a paixão; no Modernismo já não temos um estilo único porque há uma maior liberdade de expressão e sua conotação fica por conta das idéias nacionalistas, e chegamos ao contemporâneo com uma futura classificação.
Todavia, seria muito mais proveitoso e produtivo, ao invés de ficarmos demarcando períodos históricos para nossos alunos, se buscássemos entender a função do processo literário para a humanidade a partir da idéia que “(...) ao mesmo tempo em que o ser humano é múltiplo, ele é parte de uma unidade” (MORIN, 2005:5*). Ou seja, uma vez que o aluno ao se deparar com a literatura e dentro do contexto literário interage, ele consegue perceber a sua obra e o seu real papel diante do mundo. Pois é pela compreensão do que fomos ontem que conseguimos nos projetar para o futuro. De outro ângulo, poderíamos dizer que independente de qualquer período da literatura a mesma deveria fazer parte da vida do aluno a tal ponto que ele não fosse observador da história, mas atuante nesse processo histórico de forma lúdica. É como se criássemos um personagem, dessa vez revestido na condição de aluno, para que ele fosse atuando e narrando a própria vivência com a literatura.
Toda questão metodológica da literatura poderia tomar forma vital para esse aluno se fosse, primeiramente, trabalhado em sala de aula a forma teatral, musical, textual, cinematográfica, etc., contextualizada com as trovas portuguesas (por exemplo) e posteriormente solicitado a este mesmo aluno que fizesse uma contextualização do sofrimento amoroso das Cantigas de Amor com o último livro lido ou artigo de jornal, revista, filme, programa de televisão (Morangos com Açúcar** ) que ele assistiu ou peça teatral. Ou ainda, mesmo dentro do seu cotidiano que ele relatasse tal sofrimento amoroso e o que isso representa para a vida dele. Quiçá, a formação de um blog literário seria, também, uma alternativa para aproximar a realidade estudantil com o contexto estudado, uma vez que o aluno passa uma boa parte do seu tempo diante do computador com pesquisas e em sites de relacionamento. Outra possibilidade de aproximar o jovem aluno do mundo literário seria criar jogos “on line” praticados na própria sala de aula ou em um espaço não convencional, criado dentro da escola. Numa projeção mais audaciosa, proporcionar que as salas de aula sejam preparadas com as temáticas desenvolvidas ao longo do conteúdo da literatura. Imaginamos nesse último caso que o aluno entraria para uma aula atemporal e que o tempo do século XII passaria a ser atual.
E, por fim, por que não dizer momentos de caminhadas, nas proximidades da escola, encontros em cafés como faziam os filósofos do século XIX. Pois entendemos que tais procedimentos adotados como formas didáticas fariam com que o aluno percebesse as diferenças temporais e a importância de que alguns temas universais, nesse caso o amor, têm para os indivíduos. Para, além disso, perceberia também a forma cultural, suas diferenças, quem foram os homens trovadores e quem são os homens contemporâneos com seus momentos diferentes e marcantes.
Logo, se todo ensinamento da disciplina de literatura fosse ensinado conjuntamente com a vida do aluno, as provas dos exames teriam outro tipo de questão e nossos alunos não precisariam decorar questões, como temos acompanhado ao longo de todo percurso estudantil, porque esse processo seria um processo natural de aprendizagem ao longo da vida do aluno.


*MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 2005, p.3.
**Independente das opiniões formadas a respeito do programa citado, o programa Morangos com Açucar é lider desde 2004, com destaque para o público dos 04 aos 24 anos, está no ano de 2009 na sua VI série televisiva.

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