segunda-feira, 29 de junho de 2009

AVALIAÇÃO




A avaliação está fundada nos parâmetros primeiros da educação, nos quais se apóiam para avaliar o que o aluno aprendeu em seu tempo de sala de aula, em contradição, sabe-se que nem a avaliação como vem acontecendo mede o aprendizado do aluno, muito menos serve como diagnóstico para um novo encaminhamento do processo. É de certa forma, uma mentira mascarada atrás de uma determinada lei que precisa ter “algo” registrado como forma de ensinamento.
Ora, bem sabemos que cada aluno é único e logo vivencia a aula conforme seu humor, seu estado diário e tudo que lhe ligue ao mundo que o interessa. No mais, quem nos garante que o educador conseguiu transmitir o conhecimento previsto? Neste caso, tal situação, de avaliar o aluno, torna-se fácil e até covarde, pois colocam várias questões que não fazem parte do dia-a-dia da criança, selecionadas por alguém titulado professor e que, muitas vezes, somente ele compreende e sabe as respostas, quando não toma isso como própria propaganda de ser um detentor do saber, um saber que os alunos nunca alcançarão, por enquanto é bem verdade, porque a medida que vão crescendo, saberão de tudo.
Aluno meu não “roda”! Lembro que dizia isto em sala de aula e alguns colegas questionavam este dizer. Todavia, era bem verdade, porque a minha função, enquanto educadora, era esta. Não de passar o meu aluno para o próximo ano, mas de encaminhá-lo de certa forma que ele conseguisse assimilar o conteúdo e seguir. Logo, se tinha certeza deste encaminhamento, ele não “rodaria”.
Avaliar o aluno está no seu acompanhamento diário, dentro da sala de aula, o contexto de vida deve ser considerado porque não podemos dividir o indivíduo em dois: um na vida e outro na vida escolar, no cotidiano e, principalmente, na própria avaliação do professor para consigo em mensurar sua capacidade de ensinar.
As provas poderiam variar de acordo com os objetivos do professor e principalmente que colocassem o conteúdo em forma de desafio para o aluno, um desafio instigador na busca por novos saberes e não como um simples acerto de contas. As provas poderiam também ser com consultas ou com auxílio dos colegas de classe. Afinal, somos conhecedores da facilidade que uns vão adquirindo a mais que outros no processo, por que não se aproveitar disso para o benefício de todos? E tudo deve partir da conscientização da importância do saber e não do terrorismo em alguns dias, nos quais são aplicadas três ou quatro provas para que se faça cumprir um calendário montado em cima dos conteúdos e não em se pautando em que nossos alunos necessitam. O “clima” que causamos em nossas crianças, adolescentes e quase adultos é tão igual àquele que nos lembra uma fila imensa no abatedouro e que lá no final somente passará aquele de rendimento tal, que alcance a referida média.
Fico a pensar para que tudo isto? O que tem a educação a ver com isto? De certa forma, em algum momento o questionamento da relevância do saber do outro se defronta com a concorrência e não com o “partilhamento” deste saber.
E, se o aluno “colar” cem por cento, mesmo sobre os olhos atentos dos “viagiadores” de plantão, e com isso alcançar sua média? Valeu-nos todo nosso ensinamento? Aquele aluno sairá da escola sabendo realmente alguma coisa? Pois bem, aqui, quem ditará o ensinamento é o resultado da prova e não do ensinamento do professor em sala de aula. Impressionante como os valores dentro da educação mudaram ao longo do tempo e para ser mais direta, como nunca foram alcançados.
Creio, neste caso que, se quisermos viver mascarando o ensino, é assim que devemos agir, caso contrário, passamos para a verdadeira conscientização da educação e para nossa também verdadeira função como educadores. Avaliar deve ser uma parte do processo educacional e não uma barreira intransponível e sem sentido para o aluno.
Acredito que poderíamos rever o método de avaliar nossos alunos, porque, por mais que o mundo ande contra o relógio, não podemos entrar nessa corrente, na qual somente é classificado como inteligente aquele que apresenta boas notas em provas. Nossos alunos são muito mais que notas e seus saberes serão demonstrados conforme os ensinamentos disponibilizados a eles.
Bem sei que falar do problema é simples, entretanto segue uma sugestão para que tenhamos provas em forma de trabalhos, avaliação dos trabalhos em grupos, seminários, apresentação teatrais e sem um momento específico para total avaliação, o que resultaria numa posterior avaliação global, do conjunto de atividades e contemplando diferentes habilidades dos alunos. Vários são os métodos avaliativos que podemos criar e com os profissionais capacitados que possuímos, é bem provável que conseguiremos. Vale ressaltar, que o método de avaliação hoje existente é antigo e com raízes culturais que ainda persistem no tempo. Entretanto, podemos começar com alguns aplicativos imediatos que não demonstrem uma mudança radical, mas que sejam de suma importância para o aluno, que é o nosso real interesse.
Isso não é utópico, algumas escolas já aplicam métodos alternativos de avaliação, com a Escola da Ponte, em Portugal e algumas escolas em Porto Alegre, Brasília, São Paulo e Belo Horizonte, e quiçá possamos ser referências em nossa cidade.

Um comentário:

  1. Gis,nunca fui educadora, mas "sofri" isso de certa forma com minha filha caçula.(não havilia o quanto chorei..rs) Não da p contar tudo aqui, mas se quiser um dia te relato, só sei, que tive a felicidade de poder oferecer as minhas filhas em um periodo muito importante, uma escola em que a maior preocupação era o processo do aprendizado, e juntos, familia e escola, posso te dizer, que ajudamos a formar duas cabeças pensantes, cada uma com seu "vies" e suas proprias "lentes", mas que se posicionam no mundo de forma com que eu me sinta bem tranquila para dizer: missão "comprida" cumprida!rs

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