segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Formação de Leitores -De 6 a 12 Meses

Ler em família é o melhor incentivo para os primeiros leitores.
Segundo o PNL, há quem pense que as crianças só começam a aprender a ler quando vão para a escola.
Na verdade, a capacidade de ler desenvolve-se desde o primeiro ano de vida e deve ser treinada regularmente com a ajuda da família.

Algumas dicas são importantes, observe:

O que a criança faz com livros:
  • Observa os livros e estica-se para os agarrar;
  • Leva os livros à boca;
  • Vira as páginas com a ajuda dos adultos;
  • Tem interesse por imagens e caras de pessoas;
  • Reage às imagens e à voz dos adultos com sons e gestos.

O que os pais devem fazer:

  • Sentar a criança confortavelmente mostrar-lhe o livro, apontar as imagens, dizer o nome do que está representado na ilustração, das cores, dos sentimentos, etc;
  • Repetir o nome de cada coisa para ajudar a criança a ligar o som das palavras ao significado;
  • Brincar com as palavras e encorajar a criança a responder. A comunicação estimula o desenvolvimento e reforça os laços afectivos;
  • Ajudar a criança a virar as páginas;
  • Observar a criança para a interessar sem cansar. Captar as reacções para continuar ou parar;
  • Brincar e interagir, dando atenção à criança e mostrando-lhe que compreende o que ela quer fazer.

Livros mais adequados:

  • Coloridos, com fotografias de crianças ou imagens grandes e nítidas de objectos familiares;
  • De cartão grosso, de pano ou plastificados;
  • Com páginas fáceis de virar;
  • Resistentes e laváveis;
  • Macios, com diferentes texturas ou com buracos para a criança os poder explorar com os dedos;
  • Interactivos, com partes móveis (agradam às crianças, mas não são resistentes).

domingo, 22 de novembro de 2009

Escrever Para Quem?




O artigo que me proponho a fazer vem ao encontro da necessidade de esclarecer algumas dúvidas que tenho, e que muitas pessoas têm, com relação aos textos que tenho lido ultimamente.
Certa vez, em um seminário, debatíamos um artigo colocado em pauta para uma de nossas sessões de doutoramento. O artigo proposto partia de uma tentativa de explicar a reforma educacional de 1905, em Portugal. Texto interessante que tentava, e penso que conseguiu, depois de muitas interpretações dos componentes da mesa, mostrar historicamente como esse processo deu-se dentro da história educacional de Portugal. Quero ressaltar que o autor do artigo era doutor no assunto que se propunha a escrever. Mas nisso tudo tinha um detalhe que prejudicou todo o artigo e nos deixou horas falando dele: o autor não sabia colocar o que queria dizer.
Um artigo científico para ser considerado como tal deve seguir o esclarecimento de algumas questões estruturáveis. E o guião estrutural parte da problemática, se é clara com seus objetivos e relevancia da mesma; da fundamentação teórica, se esta é adequada ao problema e atualizada, da metodologia, se está devidamente explicada e adequada; escolha dos participantes, se os dados foram bem recolhidos e são apropriados; bem como se as conclusões sustentam o estudo. Todavia, por maior que sejam os dados e o tempo dedicado ao assunto, se nada disso for bem explicado, tudo parecerá um labirinto sem saída .
Eco (2008:161) deixa-nos claro que devemos ser humildes na hora da escrita. Explico.
Caso eu resolva fazer um artigo literário para uma comunidade de literatos, não seria muito relevante fazer um histórico da literatura. Primeiro, porque estaria sendo redundante e em segundo porque estaria subestimando meus leitores quanto ao saber histórico da literatura.
O que acontece na maioria dos casos, seja com artigos científicos ou não, é que nossos “escritores” pensam que todo mundo sabe do que eles estão falando. E isso tudo me lembra aquela professora de um curso de licenciatura em Letras, que entra em sala de aula, olha para seus alunos e diz: “Como vocês já sabem, Camões foi o maior poeta português de todos os tempos. E todo mundo se olha e pensa: Foi? Aliás, essa afirmaçao que todo professor tem que afirma o saber como se todo mundo tivesse a obrigação de saber é muito fora de contexto deixando qualquer um sem graça e para além disso insenta o professor de ter de explicar.
É claro que se essa pergunta fosse feita em uma turma de matemática seria pior ainda, mas quem garante o conhecimento do aluno de Letras sobre Camões? E o melhor a pensar: qual o grau de saber desse aluno. Não podemos dizer que ele seja conhecedor de Camões só porque está cursando Letras. Supomos que um aluno matriculado em Letras saiba sobre Camões muito melhor do que uma questão de algebra, mas isso não garante que ele saiba que Camões foi o maior poeta português e muito menos como se tornou o maior. Logo, sempre é importante colocar para os alunos os fatos das coisas e como elas são e porque são.
Da mesma forma quando escrevemos. Não devemos supor que nosso leitor tenha uma varinha mágica e de nada custa fazer uma revisão rápida e clara sobre o que estamos mencionando em nosso texto.
Por fim quero falar de um professor de Teoria Literária que tive.
Começávamos nosso primeiro semestre em Letras e uma das nossas primeiras cadeiras dentro do curso era com um gênio em Teoria Literária, ele era realmente bom, enquanto conhecedor no assunto. Fato esse que só vim a descobrir anos depois quando efetuei muitas leituras sobre a cadeira.
Então, nosso professor era ótimo, todavia começou a sua disciplina falando em José de Alencar e dos arquétipos. Não sabíamos do que se tratava e que representavam as qualidades positivas e negativas que existinham dentro de cada personagem de Alencar. Todos nós sabíamos quem tinha sido Alencar, alguns já tinham lido na adolescência, outros na revisão do vestibular. Considerando que todos eram iniciantes e por mais que disséssemos ter lido muito sobre Alencar, existia um percurso de “mil anos luz” até nós(iniciantes), Alencar e os arquétipos.
E o pior não era somente isso, como se não bastasse os arquétipos passaram a existir em nossas vidas do nada e sem antecedentes.
Devemos sempre pensar no leitor quando escrevemos e sempre no aluno quando explicamos, caso contrário corremos o risco de tudo que dissermos não fazer sentido para ninguém, afinal a linguagem é uma metalinguagem, ou seja, uma linguagem que fala de outras linguagens.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

A Escrita - Um Ato Sentido

Criada e desenvolvida pelas sociedades ao longo do tempo, a escrita representa a forma comunicativa verbal ou não verbal. Esse processo tecnológico de comunicação é a representaçao de idéias ou palavras.
Dentro da comunicação humana o ato de escrever está assegurado via a troca de informações entre duas ou mais pessoas, na qual o emissor e o receptador conseguem construir uma ponte entre diversos assuntos e com isso crescerem à medida que vão se comunicando.
O crescimento humano dentro da comunicação, via escrita, gera muitas polêmicas porque nem sempre quem lê concorda com aquilo que lê e isso não se dá em diferentes processos de comunicação. Todavia, é na troca dessa informação que dá o crescimento humano.
Poderíamos ficar meses escrevendo sobre a comunicação humana, sobre a linguística anos a fio, mas antes de ficar escrevendo sobre a linguística.
Resumidamente, a linguística é a ciência que estuda a linguagem, Portanto, a função de um linguista é estudar toda e qualquer manifestação linguística como um fato merecedor de descrição e explicação dentro de um quadro científico adequado. Nessa ciência temos as principais observações que nos auxiliam, por exemplo, na hora da escrita:

Fonética, o estudo dos diferentes sons empregados em linguagem;
Fonologia, o estudo dos padrões dos sons básicos de uma língua;
Morfologia, o estudo da estrutura interna das palavras;
Sintaxe, o estudo de como a linguagem combina palavras para formar frases gramaticais.
Semântica, podendo ser, por exemplo, formal ou lexical, o estudo dos sentidos das frases e das palavras que a integram;
Lexicologia, o estudo do conjunto das palavras de um idioma, ramo de estudo que contribui para a lexicografia, área de atuação dedicada à elaboração de dicionários, enciclopédias e outras obras que descrevem o uso ou o sentido do léxico;
Terminologia, estudo que se dedicada ao conhecimento e análise dos léxicos especializados das ciências e das técnicas;
Estilística, o estudo do estilo na linguagem;
Pragmática, o estudo de como as oralizações são usadas (literalmente, figurativamente ou de quaisquer outras maneiras) nos atos comunicativos;
Filologia é o estudo dos textos e das linguagens antigas.
Seguindo o raciocínio, se consigo me comunicar, via sinais ou não, se sou sabedora de todos os conhecimentos da linguística, eu sei escrever?
A resposta é NÃO!
Este artigo sobre o ato de escrever nasceu de resposta a uma afirmação que li esses dias de um senhor que em resposta a outro artigo meu titulado "Para os Que Gostam de Escrever Corretamente III (última)", na verdade foram três dicas que dei para auxiliar o ato da escrita e esse artigo era o último, no qual eu afirmava que escrever é um ato Divino e de Dom e se esse ato fosse aprimorado, melhor seria. Pois bem, recebi desse senhor, de forma muito carinhosa entre outras observações, a seguinte: “Querida Gislaine! Concordo com você, quando diz que devemos ler pelo menos sessenta minutos por dia, para que com o tempo passemos a escrever bem,mas dizer que escrever bem é um dom, discordo plenamente. O ato de escrever é apenas um processo sistemático de leitura e muita práticidade. Só isso!” (Elizeu Paulino Pinto).
Bem, fiquei a pensar no comentário dele, que muito agradeço a todos que comentam sempre meus artigos, mas ele me fez pensar de uma forma diferente, entre tantos pensares. Porque sei que o ato de escrever não é um processo sistemático de leitura e de prática. E asseguro que por mais que todos detenham o conhecimento isso não garante a escrita, digo, a boa escrita. Para além disso, fiquei a pensar o que levou esse senhor a pensar isso. Sim! Porque a afirmação dele é muito mais complexa que uma simples afirmação ou opinião.
Trabalho no Projeto Livro Aberto, de minha autoria, há quase dez anos. Hoje, é objeto de estudo em meu doutoramento e esse projeto, em suma, forma leitores e/ou resgata aqueles que perderam a vontade de ler. E nessa minha experiência como professora de Literatura e Lingua Portuguesa, confesso que nunca formei um escritor, porque ser escritor não é treino de literatura e muito menos de gramática. Esse assunto dá pano para muitas mangas, mas vou explicar.
Dentro do processo aprendizagem, no qual o meu projeto é alicerçado, sempre tive consciência que se tivessemos bons leitores, estaríamos formando para vida indivíduos que além de possuirem sua opinião, estariam, via leitura, agregando outras opiniões, conhecimentos do outro e de si e com isso formando e se formando. Sempre entendi e tive como objeto de pesquisa e de experiência, resgatar ou formar o leitor, fato esse que somado pela utópica ideia de mudar o mundo, por meio da leitura, e sempre defendi que não poderíamos fazer disso um ato concreto, se não começassemos por um número pequeno de participantes, entretanto, seletos e respeitados nas suas opções literárias, pois estariam em formação humana dentro do ciclo da vida. Quando me refiro a um número pequeno de participantes, falo, por exemplo, de um número de alunos em sala de aula. E esse número reduzido de participantes deverá ser incentivado a começar no seu espaço físico alcançável de leitura, na contexetualização do lido com o vivido, numa projeção futura para o mundo e, no mínimo, com resultados para seu mundo, que conseqüentemente agirá sobre os demais. E assim, sucessivamente, a engrenagem de mudança começa a andar. Uma ação comunitária benéfica para todos, na qual a leitura, disfarçadamente, resgata o leitor, e o leitor aprende a ler.
Sempre acreditei que a literatura existe para adquirirmos cultura, conhecimento da nossa e das sociedades passadas, mas para além, muito além disso ela é o registro da arte da escrita e com ela carrega o papel psicológico, dentro da humanização de formar indivíduos.
E por fim, sempre defendi que ela deveria ser um ato de escolha, ou seja, ser ensinada via obras que falem à leitura do aluno, e que a escola deve estar atenta, pois para se fazer bom leitor é necessário respeitar gosto e idade. È apresentar ao aluno variedades de leituras para que ele se “ache” num livro, que encontre seu dia-a-dia, a sua realidade e, assim, aprender a transformar e formar a sociedade em que vive.
Pois bem, voltando à questão que me fez elaborar esse artigo, quero dizer o que sempre disse aos meus alunos: todos nascemos com o Dom da escrita. TODOS!
Diferentemente do que algumas pessoas pensam, o ato de escrever não é algo que pode ser desenvolvido ao longo dos anos, até pode e deve ser exercitado, mas não é isso que vai formar um escritor, porque o ato de escrever, o DOM da escrita está em SENTIR o que vamos escrever.
Seria muito óbvio dizer que com conhecimento das regras e com o treino da escrita eu serei um bom escritor, ou mesmo um escritor. Penso que dessa forma estaríamos burlando as regras e passando, de forma ilegal, na frente daqueles que não possuem o conhecimento. Mas, se quem não detem o conhecimento consegue escrever, então fico a pensar...., mais uma vez, o que faz com que eles consigam escrever? Sim, porque posso dar mil exemplos aqui, desde Camões, até Chico Buarque, que não tiveram escolaridade superior para o domínio da escrita, mas mesmo assim conseguiram fazer do ato da escrita a maior representação. Mas de que representação estou falando? Pois, cheguei onde queria chegar.
Todo ato de escrita é o ato de sentir. Assim como na vida, precisamos sentir o que estamos vivendo para poder viver. O ser humano precisa tocar e se deixar tocar para fazer que a arte nasça, para que esse ato Divino, esse Dom aconteça.
Lembro de um aluno “inteligentíssimo”, do terceirão, aliás, eu tinha de estudar mais quando ia ministrar para ele porque ele me fazia buscar mais alternativas para o grupo e esse exemplo quero dar porque é o maior que tenho entre todas as ciências do mundo inteiro, e ele me dizia: professora nunca vou conseguir fazer um poema, porque não sei escrever. Todavia, bastou estar amando para expressar todo o seu sentimento. Quero ressaltar que esse meu aluno tinha, em todas as matérias, a média 9,0 e para os padrões europeus isso significava 19.
Precisamos sentir, amar o que fazemos para que o Dom aconteça. Só quem ama consegue fazer da escrita e dos demais ato desse universo um ATO DIVINO. E alguém poderia me dizer: “ah!!!, mas escrever é para quem ama escrever, não é para um químico....” Em resposta a essa afirmação eu diria: sim, ser escritor, ser um químico, ser dentista, ser faxineira, ser doutor é para quem ama o que faz e até mesmo a química requer o registro da escrita e se o químico ama o que ele faz, consequentemente ele vai escrever bem sobre a química, a começar pelos regristros simbólicos dos elementos químicos.
Fechando o ciclo, quero dizer com tudo isso é que a leitura exerce sobre nós um processo de ativar nossos sentimentos, porque entre o papel e a escrita está há algo que pulsa, o ser humano, e se um texto for bem lido, bem interpretado, bem analisado, bem dramatizado, bem elaborado, ele desperta no leitor aquilo que o fez escrever, o sentimento. E esse sentimento, com esse sentir desenvolve escritas, com ou sem conhecimento científico, que até ele mesmo duvida.
Ao Sr. Elizeu, meu muito obrigada por me fazer pensar mais um pouco sobre o ato de escrever.

domingo, 1 de novembro de 2009

Projeto Livro Aberto- Formação de Leitores

Ilustração de Colin Thompson*



O Projeto Livro Aberto** tem algumas dicas para que sejam melhorados os aprendizes que dizem respeito à formação de leitores, bem como o resgate do leitor. Algumas metodologias eficazes criam ambientes educativos motivados para a leitura e a produção textual. Em conjunto, essas metodologias aplicadas colocam o aluno em estado de alegria, interesse e acaba por despertá-lo para o encantamento do mundo literário. Segue algumas pequenas dicas que fazem a grande diferença:

I. Exercite leituras para os seus alunos, em voz alta, de diferentes gêneros textuais, todavia incentive a leitura deles em voz alta para toda a turma. O som da própria voz estimula a leitura, bem como os diversos textos, de preferência aqueles que os alunos escolheram para trabalhar. Porque a múltipla escolha, partindo do próprio aluno, faz com que o interesse seja maior e coletivo.
II. Deixe que a arte flua, ande pela rua, ministre aulas em jardins, em museus, criando um espaço teatral, livre, moderno, peripatético, alternativo, que vá de encontro à inibição. Afinal, a maior manifestação concreta das letras se faz na representação do imaginário e incentivar este ato de representar é antes de tudo dar asas à imaginação e fazer com que o aluno exteriorize toda sua capacidade de compreensão e aprendizado.
III. Crie um ambiente de revisão textual feita pelos próprios alunos, porque desta forma o aluno consegue perceber na construção textual do outro a sua própria construção textual e faz com isso um crescimento múltiplo.
IV. Conte casos verídicos com suspenses, casos impressionantes, estimulando a imaginação do aluno, bem como que ele faça o mesmo. Coloque sempre em causa assuntos relevantes, que dizem respeito ao cotidiano da vida deles, bem como soluções para seus problemas. Crie um tempo para isso, que seja em forma de seminários.
V. Faça da sua aula, uma sessão de interação com a turma e a sociedade, buscando sempre a solução dos problemas em conjunto e que sejam ministrados de forma solidarias, como visitas em asilos, orfanatos, casas de detenções, escolas primárias, grupos solidários (como SIDA ou AIDS, luta contra o racismo, ecologia, fome, etc.). À medida que a turma vai se sentindo solidária, a tendência dessa percepção de utilidade é virar uma corrente muito forte e com realizações concretas para o bem de todos, numa engrenagem única e ao mesmo tempo múltipla que só tem a crescer de forma benéfica.
VI. Plante a idéia do trabalho voluntariado com projetos concretos, que busque apoio na própria escola, com a associação de pais e mestres, direção, órgãos públicos, etc. Busque apoio junto com seus alunos.
VII. E, acima de tudo, seja amigo do seu aluno, procure um tempo para ter um contato mais pessoal com ele, que fuja das apostilas(material do programa), das rotinas dos exercícios em sala de aula e faça-o ser atuante, como responsável da sociedade, na qual todos fazem parte.
VIII. A conscientização do aluno é a maior força que uma escola pode ter, assim como a base de cada estado é a educação da juventude.
IX. Esteja sempre aberto para o novo e abrace a ideia literária que seu aluno apresentar.
X. Junte as seguintes "palavrinhas" para fazer das suas aulas de literatura um prazer: Ler e Solidariedade.

*Ilustração de Colin Thompson, escritor, ilustrador e cineasta. Daltônico e não vendo isso como problema para suas ilustrações, começou a escrever e ilustrar livros infantis em 1990. Vive atualmente em Bellingen, Novo Gales do Sul. http://www.colinthompson.com/

**Criado e desenvolvido, desde 2000, sob autoria de Gislaine Becker, o Projeto Livro Aberto trabalha com projetos que visam por meio da metodologia no ensino da literatura resgatar o prazer da leitura, bem como formar o leitor e tem como objetivo principal ministrar cursos para a formação do sujeito, por meio da leitura. Esses cursos são ministrados para Secretárias de Estado, juntamente com as escolas, para escolas da rede privada, bem como grupos individuais de alunos que precisam desenvolver a leitura e conseqüentemente, ampliar seu entendimento com o mundo.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

José Saramago e Caim







O novo livro de José Saramago, Caim, parece incomodar, novamente, a Igreja Católica e alguns seguidores, reação já sentida, em 1991, com o lançamento do livro O Evangelho segundo Jesus Cristo. Obra essa que foi a gota d´água, por assim dizer, para que José Saramago fixasse residência na Ilha de Lazarote, na Espanha.
Com um estilo próprio nascido em Levantado do Chão, 1980, e posteriormente consagrado com o Memorial do Convento, 1982, José Saramago chega ao Nobel de Literatura, 1998, via obras que falam do povo para o povo.
Quando me refiro do povo para o povo, quero dizer que em cada obra de José Saramago há um retrato da cultura portuguesa, da sua identidade, do seu contexto histórico, das suas lutas e glórias, bem como de seus fracassos sempre superados pelo amor e a esperança, por mais contraditórios que pareçam.
Todos sabemos, ao longo do trajeto, o percurso milenar que a igreja católica fez com suas regras e sua política de exclusão que somente beneficiava a hierarquia católica e seus objetivos. Sem querer entrar no mérito da questão, porque isso daria assunto para muitas mangas, o que está valendo é que os tempos mudaram e o que ontem parecia benéfico, hoje está à merce dos próprios resultados plantados ao longo da história católica apostólica romana.
Mas, como bem diz o próprio escritor, a respeito do seu novo livro: “os católicos não irão se ofender, porque os católicos não leem a bíblia, quem sabe os Judeus se ofedam, mas isso pouco me importa”.
E, se em O Evangelho segundo Jesus Cristo Saramago deu-nos uma visão nova, via a própria visão saramaguiana, do Novo Testamento, em Caim, Saramago faz uma viagem para dentro dos primeiros livros da Bíblia.
Com uma rota contrária a toda religião católica, percorre cidades decadentes e estábulos, palácios de tiranos e campos de batalha pelos passos dos próprios protagonistas do Antigo Testamento, dando ao texto todo o seu humor sarcástico, elemento característico da sua obra.
Uma das imagens que se cria em minha mente quando falo ou escrevo algo sobre a obra desse gênio da literatura, desse mago das letras, é a imagem que Saramago vai escrevendo e rindo baixinho, como que a dizer: força! Aguentem mais essa.
Caim é, acima de tudo, um exercício de liberdade, de libertação e revela a magnitude do escritor em re-escrever uma história que já bem conhecemos do princípio ao fim e que na surpreendente luta, re-escrita, entre criador e criatura, fazer-se encontrar tantos portugueses, como outros povos.
E, se é mesmo como os defensores da igreja católica dizem, que esse livro é mais uma publicidade saramaguiana, fato que não acredito ser verídico e sim ser mais uma art manha de defesa dos opositores que por muito tempo fizeram das verdades algo oculto, sinceramente, lamento informar, mas ele conseguiu, de forma genial e criativa, mais uma vez e bem diferente de muitos que fizeram história.
Sem dúvida nenhuma, uma leitura para ontem !

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Estruturas de Participação


Dentro das Estruturas de Participação são articulados alguns pensamentos ligados aos diversos pontos que fazem com que a comunicação em sala de aula seja manifestada de forma diversa e correta. Esses estados de comunicação fazem com que o aluno prenda a sua atenção no orador, bem como consiga manifestar sua participação para os demais do grupo.
Essas estruturas denominadas por estados de comunicação poderíamos dizer que são resumidas em duas partes: as não-verbais e as verbais. Sabemos, como bem diz o nome, que a primeira vincula toda e qualquer comunicação que não seja escrita ou oralmente produzida, enquanto que a segunda expressa o contrário.
Ao mesmo tempo em que sabemos que ambas, verbais e não –verbais, são cheias de comunicação e que o contexto de sala de aula é muitas vezes imprevisível e complexo, é importante pensar que na maioria das vezes uma manifestação mal articulada, por parte do orador, pode colocar toda turma, ou grande parte da turma em desconcentração total ou pior ainda, se for um primeiro contato perder para sempre o que poderíamos chamar “elo captador” ou seja, o vínculo entre o educando e o educador. Para exemplificar esse fato temos como exemplo aquela matéria, a qual o aluno, mesmo sendo considerado “bom” aluno não prende a atenção e nunca tem comentários a fazer.
Dentro de um prisma para se buscar uma eficiência em utilizar a comunicação verbal, os professores ou oradores precisam buscar recursos nas estratégias institucionais relacionadas ao conteúdo. Tais elementos incluem estratégias que ajudam os alunos a comunicar.
Já dentro da parte comportamental do aluno, os professores precisam de uma variedade de técnicas de gestão, as quais criam estruturas para analisarem o estado, inclusive de distanciamento social, de cada aluno.
Por fim, as não-verbais precisam captar alguns elementos fundamentais, como o olhar, expressões corporais e permissão para o tempo de espera entre o falante e o ouvinte. Esse tempo de espera pode ser a chave para o bom desenvolvimento oral do aluno, bem como toda clareza do que foi dito.
Esse conjunto de estruturas de participação em sala de aula, que busca nos seus elementos comunicativos como gestão de conteúdo, verificação social do aluno, expressões corporais, conteúdos, entre outros fatores, fazem com que o desenvolvimento afetivo e intelectual do aluno trabalhem juntos com o objetivo em harmonizar o principio do prazer com o principio da realidade.
A percepção dessa estratégia necessária em sala de aula faz com que o professor dê asas ao conhecimento científico, assim como respeite os limites do aluno, no sentido da construção, independente do conteúdo, de um ser humano formado para vida e, consequentemente, fazedor de uma sociedade melhor.

Artigo ilustrado por: Sala de aula germânica – século XIV (Staatliche Museum, Berlim.)

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Magalhães e a Educação



O primeiro portátil português desenhado para crianças dos 6 aos 11 anos, será gratuito para os alunos inscritos no primeiro escalão da acção social escolar e custará 20 euros para as crianças do segundo escalão. Os restantes alunos pagarão 50 euros, é o que informa o Jornal de Notícias, da edição de cinco de outubro de 2009, Lisboa.
Segundo Don Tapscott, autor de mais de treze livros sobre tecnologia nas empresas e na sociedade, incluindo “Wikinomics” e o mais recente “Grown Up Digital”, em carta a Barack Obama diz que “Portugal está a se transformar em um lider mundial no repensar do ensino no século XXI”.
Para quem ainda não sabe, o Magalhães é um computador portátil que permite o acesso à Internet, tem uma autonomia de seis horas e é resistente ao choque e aos líquidos. Tem dois sistemas operativos diferentes - Microsoft Windows e Linux -, que incluem vários programas educativos e mecanismos de segurança, permitindo o controle por parte dos pais e encarregados de educação.
Bem sabemos de suas falhas de fabricação, bem como a demora de sua entrega nas escolas portuguesas, mas isso não tira o mérito da iniciativa do governo português que é no mínimo admirável e louvável. Sem contar que a partir de outubro o governo promete ainda portáteis Magalhães com 'software' adaptado a crianças com necessidades educativas especiais. Em números gerais, isso significa que quase nove em cada dez alunos dos primeiros quatro anos de escolaridade têm um portátil nas suas carteiras, fato este que deve se extender às universidades também.
Impressionante essa iniciativa que bem sabemos tem seus problemas, traz seus primeiros ajustes e que carrega consigo alguns comentários do tipo: “o que uma criança que nem sabe ler e escrever vai fazer com um portátil em sala de aula?” Ora pois, diria que em resposta a este questionamento, o aluno vai entre muitas coisas, assimilar o conteúdo de forma lúdica, de forma que venha ao encontro de seus interesses, bem como tornar-se mais questionador e consequentemente mais pesquisador.
O grande lance do Magalhães para educação, além de colocar milhares de crianças em contato com algo nunca visto, porque em 2005 apenas trinta e um por cento dos lares portugueses tinham acesso à internet, é criar uma ferramenta para o aprendizado e nada melhor do que uma criação que esteja atualizada, falando a linguagem do aluno, aproximando suas expectativas com suas práticas. E como se não bastasse o Plano Tecnológico da Educação além de garantir ligações rápidas, redes locais, equipamentos adequados nas escolas, vai investir pesado na formação de professores em TIC.
De parabéns está o governo português que está de olho na melhoria para educação, buscando uma forma de ligar cada vez mais o aprendiz e o conteúdo.
Penso, inclusive, que é muito melhor do que as Olím PIADAS de 2016 !