terça-feira, 20 de outubro de 2009

José Saramago e Caim







O novo livro de José Saramago, Caim, parece incomodar, novamente, a Igreja Católica e alguns seguidores, reação já sentida, em 1991, com o lançamento do livro O Evangelho segundo Jesus Cristo. Obra essa que foi a gota d´água, por assim dizer, para que José Saramago fixasse residência na Ilha de Lazarote, na Espanha.
Com um estilo próprio nascido em Levantado do Chão, 1980, e posteriormente consagrado com o Memorial do Convento, 1982, José Saramago chega ao Nobel de Literatura, 1998, via obras que falam do povo para o povo.
Quando me refiro do povo para o povo, quero dizer que em cada obra de José Saramago há um retrato da cultura portuguesa, da sua identidade, do seu contexto histórico, das suas lutas e glórias, bem como de seus fracassos sempre superados pelo amor e a esperança, por mais contraditórios que pareçam.
Todos sabemos, ao longo do trajeto, o percurso milenar que a igreja católica fez com suas regras e sua política de exclusão que somente beneficiava a hierarquia católica e seus objetivos. Sem querer entrar no mérito da questão, porque isso daria assunto para muitas mangas, o que está valendo é que os tempos mudaram e o que ontem parecia benéfico, hoje está à merce dos próprios resultados plantados ao longo da história católica apostólica romana.
Mas, como bem diz o próprio escritor, a respeito do seu novo livro: “os católicos não irão se ofender, porque os católicos não leem a bíblia, quem sabe os Judeus se ofedam, mas isso pouco me importa”.
E, se em O Evangelho segundo Jesus Cristo Saramago deu-nos uma visão nova, via a própria visão saramaguiana, do Novo Testamento, em Caim, Saramago faz uma viagem para dentro dos primeiros livros da Bíblia.
Com uma rota contrária a toda religião católica, percorre cidades decadentes e estábulos, palácios de tiranos e campos de batalha pelos passos dos próprios protagonistas do Antigo Testamento, dando ao texto todo o seu humor sarcástico, elemento característico da sua obra.
Uma das imagens que se cria em minha mente quando falo ou escrevo algo sobre a obra desse gênio da literatura, desse mago das letras, é a imagem que Saramago vai escrevendo e rindo baixinho, como que a dizer: força! Aguentem mais essa.
Caim é, acima de tudo, um exercício de liberdade, de libertação e revela a magnitude do escritor em re-escrever uma história que já bem conhecemos do princípio ao fim e que na surpreendente luta, re-escrita, entre criador e criatura, fazer-se encontrar tantos portugueses, como outros povos.
E, se é mesmo como os defensores da igreja católica dizem, que esse livro é mais uma publicidade saramaguiana, fato que não acredito ser verídico e sim ser mais uma art manha de defesa dos opositores que por muito tempo fizeram das verdades algo oculto, sinceramente, lamento informar, mas ele conseguiu, de forma genial e criativa, mais uma vez e bem diferente de muitos que fizeram história.
Sem dúvida nenhuma, uma leitura para ontem !

2 comentários:

  1. sem duvida nenhuma, uma leitura para ontem!
    nossa, o texto foi ótimo, mesmo! eu também sou a favor de Saramago.. até estou me interessando por ele agora, ehehehe
    to adorando as postagens!!
    beeeeeeijos!

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  2. Obrigada Maria Eduarda, é isso mesmo, Saramago faz com que nos encontremos, via Literatura. beijinhos

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