segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

(Re) Pensar a Educação

Se pegarmos os verbos, perceberemos que todos nos levam a uma ação, da mesma forma que alguns da primeira conjugação remetem-nos para a idéia de realizações como: educar, ensinar, caminhar, sonhar. Mas ensinar, sonhar o quê? educar, caminhar para onde? Talvez, as locuções adverbiais de lugar, tempo e modo nos digam para onde, como e quando. Métodos de um aprender cercado de explicações científicas, mas que esquecem o significado dos valores simples da vida.
À lembrança da explicação gramatical somada à outra lembrança, desta vez socrática, leva-nos a refletir sobre o ato de ensinar. Educação vem do latim educare e educere, o primeiro conduz o indivíduo de um ponto ao outro; o segundo tira para fora as habilidades desses indivíduos. Logo, E-ducação é o ato de inserir o sujeito ao mundo com suas habilidades, conceito este explicado tão bem na maiêutica de Sócrates e retratado por Platão no diálogo de Mênon.
Quiçá, o entendimento à complexidade da Educação esteja na simplicidade do verbo amar. Mas falar de amor, atualmente, parece algo fora de qualquer contexto, quando tal fato é mencionado as pessoas se olham, se “cutucam”, comentam, como se isto fosse um fato distante e fora da inerência natural do homem.
A Pedagogia do Amor é tão complexa que somente pode ser descrita e entendida na simplicidade do próprio ato de ensinar de forma apaixonada. Paulo Freire dizia que os olhos dos professores apaixonados brilham quando diante de uma explicação percebem, no sorriso do aluno, que ele entendeu o que o próprio professor não esperava explicar e que escola é gente, o diretor é gente, o professor é gente, o aluno é gente, a faxineira é gente, somos gente é nada mais natural que amar a toda a gente. A educação somente fará sentido se a docência respeitar ao discente, tornando o ato de educar, um ato decente.
Os valores sociais mudaram e com isto nossa forma de educar e encaminhar parecem ter tomado o rumo complicado da vida.
Chegamos a um ponto que o verbo E-DUCAR virou um verbo de consumo, mas não consumo de trocas de saberes, de encaminhamentos e sim mercantilista.
A atual funcionabilidade do sistema educacional tornou-se um problema para a formação do indivíduo, na qual o ensino emergente e profissionalizante busca atender o mercado de trabalho, com objetivos imediatos e robotizados, fazendo com que homens esqueçam os valores fundamentais para sua vivência.
Em outro momento, poderíamos pensar que a demanda mercantilista de alunos-profissionais está atendendo suas próprias necessidades, mas até que ponto uma determinada profissão dá liberdade ao homem, em que eixo está a ligação da profissão que cada um adota e o que cada um, realmente, é?. E de que liberdade estamos falando? Será que a liberdade profissionalizante faz parte da autonomia de cada um ou ainda, será que esta autonomia é um fragmento das necessidades sociais consumistas e que retrata a falta de preparo para a vida, ou será que o encaminhamento para a vida não é ponto de reflexão dentro da educação?
Por vezes chegamos a pensar que estamos refletindo sozinhos e que esta solidão de pensamento faz com que cada vez nos sintamos mais fora do sistema. Todavia, não para abandonar as nossas certezas estruturadas em nossos valores, mas para acreditar cada dia mais que devemos ficar atentos às reais necessidades e às emergências que a vida apresenta.
Conforme Beck , estamos situados em uma era de (des) construção, uma era muito pobre, onde só há lugar para uma filosofia consumista, e a tal ameaçadora uniformidade de pensamento e ações tomou conta. A idéia desenfreada da oferta capitalista do século XIX parece (re) surgir com força total e novidades parecem correr o tempo, contrapondo-se ao percurso natural dos fatos. Todavia, Edgar Morin adverte-nos que nossa missão não é mais de ganhar o mundo, mas civilizá-lo. (MORIN, 2005: 05).

Um comentário:

  1. Giiiiii, chego a me perder no texto de tão bom!!
    como faço para ser seu seguidor??
    saudades de vcs, esse ano tem mais heheh, assim esperamos...

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