segunda-feira, 27 de julho de 2009

Da Televisão à Escola



As aulas estão voltando, quero dizer, no Brasil recomeçaram hoje, aqui em Portugal, na segunda quinzena de setembro, voltarão.
Com o retorno às aulas e conversando com uma amiga, falávamos do aproveitamento das crianças nas férias. Entendo que férias são férias e que as crianças devem fazer tudo que não fazem na escola, até porque as férias são tidas como um tempo, no qual as crianças devem descansar do contexto escolar.
Pois bem, e o que resta às crianças (refiro-me, também, aos adolescentes) que não possuem atividades como piscinas, praias, esportes, internet, entre outras opções? Resta-lhes a televisão. E ela vicia, deseduca e o que é pior, ela não ensina.
Atualmente, não há nenhum sinal científico de que o fato de assistir televisão venha a afetar o aprendizado na escola de uma maneira negativa, todavia, lembrando as palavras de Mario Sergio Cortella, filósolo, mestre e doutor em educação: “Conhecimento está úmido de situações histórico – sociais; não há Conhecimento absolutamente puro, sem nódoa. Todo Conhecimento está impregnado de história e sociedade, portanto, de mudança cultural (...) o Conhecimento é também político, isto é, articula-se com as relações de poder. Sua transmissão, produção e reprodução (...) decorre de uma posição ideológica (consciente ou não), de uma direção deliberada e de um conjunto de técnicas que lhe são adequadas.”
Logo, segundo a explicação do educador Cortella, nossas crianças estão à mercê do poder intencional do proprietário da televisão. E, com isso fico a pensar que enquanto as televisões brigam pelo poder de audiência, não tendo uma seleção mais voltada para o interesse na educação, temos de assistir Faustão (programa que tem como objetivo ensinar os telespectadores como serem mal educados, rindo de cenas como os vídeos cacetadas, de como perguntar e responder ao mesmo tempo; sem deixar que o entrevistado faça uso das palavras), Morangos com açúcar (esse com sonhos de adolescentes de um mundo cheio de banalidades que não condizem com a realidade do ser humano), A Diarista (aqui como dar um “jeitinho em tudo”), sem contar as novelas (nessas nem quero pensar), entre tantos outros que circulam pelo mundo.
Com este pensamento, quero fugir da censura, bem sabemos que ela também não cabe em situação alguma, mas precisamos, urgentemente, fazer uma seleção dos programas que vão ao ar, porque bem entendemos que todas as emissoras são concessões públicas e para tal devem servir à sociedade.
Atenção lá; devem servir a sociedade, entretanto não as sociedades que se beneficiam da televisão para se promoverem. A partir daqui, dessa nova corrente de pensamento, penso que as emissoras sempre serão assim e a tendência é piorar cada vez mais porque temos um poder que se beneficia das concessões.
Parece que tudo é um grande jogo, aliás, um péssimo jogo, no qual a televisão ensina tudo que não presta e o que presta está em sinal fechado, no qual somente quem tem acesso é quem pode pagar por ele, enquanto a massa forma-se da pior educação possível.
Tomara que o tempo de assistir televisão seja o menor possível, pelo menos enquanto estes aí estiverem.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Educação Pautada na Globalização


Preocupa-me quando escuto pais falando, orgulhosamente, que seus filhos começaram a estudar bem cedo e mais ainda preocupa-me quando ouço que os filhos fazem aulas de natação, inglês, oficinas disso e daquilo. Nada contra o aprender, aliás, a velha frase é bem conhecida: “Só sei que nada sei”.
Foi-se o tempo em que colocar o filho em oficinas era muito mais que ocupar o tempo dele ou desocupar o tempo dos pais com os encargos dos filhos. Bem sabemos as conseqüências que isso pode trazer para o indivíduo que precisa freqüentar a vida estudantil.
O processo deu-se de uma forma desenfreada, com a leveza da desculpa da globalização, temos crianças multidisciplinares, mas que mesmo assim não correspondem as necessidades do mercado.
Temos alunos cansados em sala de aula, porque além de freqüentarem há tempos a escola, onde passam de doze a quinze anos de suas vidas, precisam freqüentar a mesma coisa, as mesmas metodologias, os mesmos dizeres, as mesmas apostilas, sem contar que vivem a fase universitária, as pós e os mestrados e doutorados da mesma forma.
O que mudou dentro da educação em cinqüenta anos? Que mudanças conseguimos fazer para que o quadro estudantil tenha, realmente, uma relevância em nossas vidas? Pois, atrevo-me a dizer que nada! E, uma pergunta ocorre-me: Formamos pessoas para que? Em que formação estamos pautados? Formamos pessoas para ascenderem em suas carreiras, para passarem em vestibulares, em exames, para terem um acúmulo de canudos? Afinal, para que educamos?
Triste, mas verdadeiro, a educação saiu dos trilhos. Formamos para tudo, menos para humanização e até poderiam me dizer que a escola não tem esta função, mas se não a tem, o que tem? Qual a função da educação em nossas vidas? Ensinar conteúdos? Ora, pois, não sejamos ingênuos, ninguém precisa ensinar o que não seja uma dúvida natural, uma real necessidade do que não entendemos, porque nossa necessidade de aprender é biológica, se faz de dentro para fora.
Penso que Robert Lindner sabia o que dizia em 1956: “As nossas escolas transformaram-se em fábricas enormes para a produção de robôs. Nós já não mandamos os nossos filhos para a escola para serem ensinados e para que lhes sejam dadas ferramentas para pensar; nem sequer para serem informados ou adquirirem conhecimentos, mas para serem "socializados" - o que, na semântica actual significa serem submetidos ao sistema e forçados a se conformar”.

terça-feira, 14 de julho de 2009

A (DES) Motivação Empresarial e Pessoal






Sabemos que toda motivação é particular, intrínseca e momentânea. Todavia, se for estruturada na movimentação de tornar pensamentos em planos e esses tornarem-se sonhos realizados e renovados, teremos um contínuo processo “motivacional”.
A maior falha ou a não percepção das empresas (pessoas), hoje e penso que sempre, quando entendem que sua equipa precisa de motivação, está na aplicação de recursos relâmpagos. É comprovado que isto é como uma droga para qualquer indivíduo, pois à medida que tem a falta de algo, injeta a dose que, aparentemente, vai suprir tal necessidade. E, após um período determinado o efeito é duplamente ao contrário. Ou seja, o que seria algo a melhorar voltaria de forma muito maior e pior.
Não podemos separar o sujeito que trabalha em uma empresa, do sujeito que tem uma vida fora dela, da mesma forma que não podemos considerar o aluno que está dentro da sala de aula e deixar de lado o seu contexto de vida para o aprendizado.
Imagino algo assim: somos uma grande empresa. O mundo é uma macro empresa. Todos trabalham em suas áreas. Aqueles que não trabalham no que gostam, aprendem a gostar no que trabalham e nesta movimentação toda, cada um trabalha por todos e por si. O “todos” seriam as coisas que precisamos fazer e o grupo no qual fazemos parte para atingir nosso objetivo. E, o que nos motiva, de verdade, não é o que precisamos fazer e nem onde trabalhamos, mas o resultado do feito, ou seja, o nosso objectivo pessoal. Logo, se temos perda ela está localizada, exactamente, na falta de continuidade do caminho percorrido. Muitos diriam que esta estratégia pessoal, de somente atingir o objectivo, está correcta, uma vez que se atinge o objetivo pessoal. Entretanto, estamos falando de um todo, de um grande grupo e que a motivação requer, principalmente, vontade e continuidade. Se para uma empresa é preciso sempre ter pessoas motivadas, logo precisam manter as ferramentas que auxiliam para esta motivação, da mesma forma na vida pessoal, se para me manter motivado preciso sempre de objectivos é claro que preciso sempre estar em renovação com meus planos e sonhos.
E, o processo dar-se desta forma, este ciclo que se encerra e recomeça a cada instante. O segredo está em saber manter a motivação entre o que precisamos fazer e o feito, porque somente assim, teremos o equilíbrio permanente em nossas realizações e do grupo, ao qual pertencemos.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

A MOTIVAÇÃO DE ROBERT HAPPÉ


Ontem conversava, rapidamente, com um aluno, confesso que um tanto especial. Foi ele quem puxou pelo assunto e começamos a conversar. Então, falou-me de Robert Happé, como já tinha lido algumas coisas sobre ele e dele, e também visto o vídeo, conseguimos trocar uma ideia sobre a motivação de Happé.
Happé defende a ideia que o mundo ficou louco, que passamos dos dogmas religiosos para os dogmas económicos e que a humanidade aceita porque não tem para quem reclamar, afinal o sistema criador é majoritário e coloca-nos em um posicionamento de aceitação. E a pergunta que Happé não deixa quieta é a seguinte: Como quero viver a minha vida?
Quando revi o vídeo respondi, rapidamente: quero viver, exactamente, como estou vivendo. Logo, outro questionamento apareceu-me: mas, assim? Bem verdade, algumas coisas nos faltam, sempre faltarão. Parece um “movimento de estagnação”, contraditório na concepção da palavra, todavia tão real na prática.
Deixamos de sorrir quando alguma coisa não nos acontece, esquecemos de estimular o correto se o incorrecto impera. A loucura entre viver e ganhar dinheiro fez com que o amor fosse completamente esquecido. E, a credibilidade no que de maior temos, em nós mesmo, parece ter vivido há seculos. Só que, também, esquecemos que somos capazes! Então, neste jogo de esquecimento, entre o que deixamos de ser e o que podemos ser, tornamo-nos inertes. Preferimos aceitar a mudar.
A onda “estimulativa” que Happé defende está no conceito do que queremos para nós e como conseguimos conduzir tudo isso. O processo dá-se de dentro para fora, no sorriso ondulante, no que acreditamos, na integração com o oposto, no crer em nós e na confiança que ao ser estabelecida torna-se criação.
Interessante como Happé faz-me pensar em muitas coisas, principalmente na educação.
Conheci uma menina que tinha problemas sérios com a matemática, (não é para menos, confesso) e chegou a um ponto que não conseguia mais avançar e lá ficou no final do ano, enquanto todos seus colegas passaram de ano. Entretanto, no ano novo houve troca de professores, logo ela tinha colegas novos e professores novos, inclusive de matemática, um novo ciclo escolar iniciava. O problema permanecia, juntava aqui, além da atenção, algumas desconfianças sobre a idade mental da aluna e alguns especialistas começaram a observa-la. Sem nada constatar, a metade do ano chegava e a nova professora tomou uma atitude inesperada diante da turma. Passou à aluna o cargo de supervisora nas aulas de matemática. Naquela época convidava-se os melhores alunos e eles auxiliavam as professoras em sala de aula; quando os colegas precisavam de alguma explicação e a professora estava ocupada, o supervisor dirigia-se até o colega para auxilia-lo. O espanto foi de imediato, principalmente pela aluna que não havia passado no ano anterior. Então, combinaram as oficinas em horários diferentes para que a menina conseguisse aprender e ajudar aos colegas. Agora, além de ter de aprender, tinha também a responsabilidade do cargo confiado. Com muito trabalho o tempo foi passando, e o que a menina não sabia, ainda, a professora atendia e não deixava que os demais percebessem que ela não estava pronta para ensinar. Todos os dias se reuniam, professora e supervisora para, em uma oficina gratuita, repassar o conteúdo do dia e rever algumas dúvidas. Claro, tornaram-se amigas e a medida que a confiança, o amor, a determinação entre o aprender e o ensinar laçavam aprendizagens para sempre, ela conseguiu passar de ano, resgatou o respeito pessoal e sabendo o conteúdo virou motivação.
Alguns poderiam afirmar que não possuem tempo para o individual, para o atendimento pessoal de cada aluno, talvez esteja aí o segredo, não somente na educação, mas na vida toda.
Happé está certo, quando somos estipulados a fazer as coisas certas e quando temos alguém com um sorriso elevado, não deixando que o sistema atropele, eis a diferença. E, o mais impressionante nisso tudo, é a corrente estabelecida no bem, capaz de transformar tudo que nos rodeia.
Assistam ao vídeo, está disponibilizado aqui no blog.Vale a pena !

terça-feira, 7 de julho de 2009

CURSOS DE FÉRIAS



Com o término do ano lectivo europeu, a Illustramus coloca à disposição suas oficinas de férias que estão divididas da seguinte forma:

Curso de Oratória;
Curso de Marketing Pessoal e Empresarial;
Curso de Vendas;
Curso Gramatical para estrangeiros;
Projecto Livro Aberto para Imigrantes;
Projecto Livro Aberto ( leitura dinâmica);
Projecto Livro Aberto ( solidariedade e leitura);
Literatura infantil;
Interpretação de textos e Redação;
Preparação para Exames Nacionais (Literatura e Gramática);
Orientação Vocacional e Profissional (com testes aplicados).


Maiores informações: illustramus@gmail.com

domingo, 5 de julho de 2009

ORIGAMIS E LITERATURA



Fui convidada a participar de uma oficina de Origami e lá estive no dia de ontem. Impressionante como este desenvolvimento de raciocínio traz à tona toda percepção que o indivíduo necessita, suas capacidades e a vontade de vencer seus limites. Essa arte de dobrar (Ori) papel (Kami) vem sendo praticada desde muito tempo. Com a pratica desta arte são trabalhados o potencial pleno de cada sujeito, enfatizando a paciência, a observação, a persistência, a meticulosidade, a concentração e atenção, a autoconfiança, o esforço pessoal, a coordenação motora fina, e principalmente, a criatividade.
Entre uma dobradura e outra, fiquei a pensar como esta prática deve ser incentivada dentro das salas de aulas, independente da matéria em questão.
Antigamente, fazíamos maquetes, lembro que meus alunos fizeram Os Sertões, de Euclides da Cunha, para narrar a saga de Antonio Conselheiro na Guerra de Canudos, em 1897 e outros fizeram jogos para o computador. Se fosse hoje teríamos feito via Origamis. Imaginei Don Quixote sendo ilustrado por Origamis, primeiro o resumo da obra, depois a análise de cada grupo, que genial seria esta ligação entre as artes. Outra situação que pensei seria a visitação em hospitais, asilos e montar, via Origami, desenvolvendo na prática, nada de levar pronto, o cenário respectivo a idade desses senhores e fazer com que eles também aprendam a sentir o papel e trazer da imaginação a construção real do que pensaram sobre as suas épocas.
Claro, um pensamento lança-nos para outro, podemos fazer um cardume com todos membros da família dos peixes e os pequenos precisam ter característica do pai ou da mãe. Infinitamente, podemos trabalhar com os Origamis.
A medida que o tempo ia passando e as dobraduras aumentando minha mente ia se complicando, não pelas dobraduras, mas justamente pela desconstrução física e mental que praticava. A minha frente estava uma senhora e tentávamos fazer uma caixinha com divisória, e a medida que trocávamos ideias sobre as dobras, ficava olhando para ela e imaginando, deveria ter entre 75 e 80 anos, como seria bom se os programas para a terceira idade incluíssem oficinas de Origamis para os idosos. E, confesso, a memória dela muito melhor que a minha, deve ser a pratica do Origami !
Para área de exactas nem preciso comentar uma vez que tudo se dá pelo raciocínio lógico.
Num pensamento maior, imaginei tudo em Origami, inclusive uma biblioteca para os pequenos, afinal tanto papel neste mundo, tantas pessoas, tantos desenhos, tantas letras, tantas crianças nas ruas, tantos idosos abandonados...