segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Metodologia de Aprendizagem da Literatura e
Funções da Literatura

Sala de Aula - Albert Anker- 1896


O versado da convivência escolar e da metodologia secular de aplicação ao ensinamento da disciplina de Literatura tem-se mostrado primeiramente, incapaz de formar o indivíduo, ou mesmo formar o leitor, bem como resgatar no aluno o prazer da leitura e para, além disso, como fator mais agravante, não apresenta dentro da prática pedagógica do ensino da literatura um número permanente dos leitores já formados.

Quando refletimos a respeito de não termos leitores ou quando nossa reflexão passa para o abandono escolar, sempre nos vem à mente a idéia que estas perdas estão relacionadas ao fato de que a escola não respeita as diversidades culturais existentes dentro dela, da mesma forma que pretende impor seus valores, via suas metodologias de aprendizagens e para além disto e talvez por isto não leve em consideração os estímulos natos trazidos por seus alunos.

O que nos parece notório é que tais práticas exercidas em sala de aula, pelos professores de Literatura, são metodologias que não buscam fazer frente a uma realidade incentivadora a leitura da própria disciplina e por ainda dizer não fazem a ponte entre o conteúdo e a vida do educando, fazendo uma dissociação dos significados da palavra E-DUCAÇÃO.

É com este prisma que se (re) pensa aqui a Educação, o ensino da disciplina de Literatura e formação de leitores.

Em oposição à premissa de que a literatura deve ser encarada somente como meta curricular, delineamos nossa investigação à luz do entendimento que o ensino desta disciplina deve valorizar a formação do individuo e/ou do leitor debruçando-se em tornar tal ensinamento um ato prazeroso de leitura, conduzindo os alunos às competências literárias fundamentais para a sua formação ao longo da vida e, conseqüentemente, melhor resultados escolares.

Dentro desta perspectiva, consideramos a necessidade da prática profissional passar a ser de observação/reflexão, procurando, valorizar as especificidades dos alunos e dos contextos, oferecendo respostas adequadas aos reais interesses e motivações dos alunos.

Para Vygotsky (1966), o desenvolvimento e aprendizagem são um processo que integra corpo, cultura e relações sociais. E se concretiza no meio social, no qual a criança se apropria dos conhecimentos e comportamentos humanos. Nesse sentido, no campo escolar gravita o desenvolvimento potencial, tornando os conhecimentos potencialmente atingíveis pela criança.

Freire teorizou que o ensino e aprendizagem são um ato de formação e de transformação das pessoas, no qual “quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender" (Freire,1998, p.25).

Sustentado nos quatro pilares de educação, esta ideia de “re-aprender a conhecer, a fazer; conviver e ser ”, defendidos pela UNESCO e originalmente apresentado por Freire, caracteriza-se pela urgência de uma escola de trabalho e de estudo, plástica e dinâmica. E que, faça com que se aprenda, sobretudo, a aprender (Freire, 1959).

Esta ideia de aprender a aprender habita no âmago da literacia, uma vez que esta passa a ser compreendida como ferramenta à aderência do sujeito ao mundo que o rodeia, seja pela alfabetização (ler e escrever) ou pela nova alfabetização (capacidade de perceber, interpretar e codificar o que é lido) (Benavente, 1996).

Falar em literacia da leitura, consiste em perceber e analisar o conjunto de competências que se vão formando ao longo do tempo, por meio de experiências literárias que habitam o espaço da criança fora da escola (Benavente, 1996).

Ao considerarmos toda a literatura que vive “à margem” da escola e ao caracterizarmos esta como “Literatura Marginal” ao uso pedagógico, ressaltamos que o ensino-aprendizagem deva ponderar as leituras utilizadas por eles, a fim de se chegar às leituras exigidas na disciplina de Literatura. Tal ideia, pondera o aluno como um todo e não apenas como parte passiva da escola.

Cumpre-se assim, a primeira subfunção da literatura denominada humanizadora (Cândido,1972), pois está voltada para a ação psicológica da necessidade nata que o ser humano tem em fantasiar com o quotidiano; e é por essas práticas de leituras e (re)leituras “marginais” que se pode construir um entendimento do mundo, permitindo a concretização dos objectivos. Sendo assim, encontra-se aqui a segunda subfunção da literatura (Op.cit), denominada formadora, justamente por fazer a fusão da necessidade do indivíduo em fantasiar com a realidade.


Logo, pensar que o Ensino da Literatura, do conteúdo propriamente dito, é meramente uma parte curricular que visa atender a uma demanda de mercado, é contradizer a sua própria criação.

3 comentários:

  1. Oi gis, olha eu aqui de novo. Ja peguei meu banquinho e minha xicara de café quentinho.Muito bom te ler, estou fazendo de tras para frente: gostei do seu jeito direto, descomplicado, mas nem por isso descompromissado em discutir a literatura não como "materia" pronta, mas em si, agente transformador...voce é uma joia!
    Cheiro de carinho
    (valéria Cruz)

    ResponderExcluir
  2. Gissss...de volta...
    Em primeiro lugar quero agradecer.
    Fique muito feliz que a minha idéia do POEMIX tenha sido acolhida, e a participação tenha sido um sucesso.
    Podemos iniciar: que seja com uma frase, uma palavra, que possamos construir uma poesia, inspirados na obra que juntos escolhemos.
    A regra é na ter regras: estaremos livre durante os 5 dias, podem ser postados quantas vezes quiserem.
    Estamos livres para “soltar” o verbo, o sujeito, ser interjeição, ponto e virgula e até travessão, mas, nunca ponto final!

    Que a ARTE nos contagie e nos embale!
    Cheiro de VIDA no ar!

    ResponderExcluir
  3. Essa menina vai longe. Lindo teu blog. Tanta coisa interessante. Vou voltar muitas vezes para aprender um pouco.
    Parabens.
    Grande abraço
    Claudio
    Em 4 de outubro de 2011
    Desde Uberlandia Mg

    ResponderExcluir