quarta-feira, 16 de junho de 2010

Educação e o Ensino da Literatura

A literatura universal compreende difusões de cultura de diferentes povos; Santos e Pereira (1999:18) comentam “que existem diferentes contribuições à literatura universal, à grande literatura”. Abrindo um pouco com a idéia de literatura universal, os autores complementam que “não existem literaturas menores, mas contribuições distintas no conceito da literatura universal”. Estas contribuições acontecem em vários níveis, entre: os autores; autores e leitores; autores, educadores e leitores, formando um grande grupo literário, o que exige certa compreensão de todos os seus membros, que forma opiniões e necessitando o respeito mútuo, para que seja alcançado um dos principais objetivos da literatura, que é a comunicação por meio da troca de idéias, sem espaço para a distinção cultural e conseqüentemente, inserindo realidades, fazendo ligações entre diversos mundos possíveis a arte literária retrata a própria condição de existir.
Se pararmos para analisar em que o conceito estrutural filosófico e pedagógico está o embasamento da literatura universal, veremos que o da literatura universal, está compreendido a partir de um determinado grupo de obras que emergem de um determinado histórico-social-cultural para fazer parte, fragmentado em diversos períodos que vão determinar a grande literatura. Logo, o que forma a grande literatura e a escola, se não os fragmentos da interação de todos, de cada época literária e do seu tempo correspondente? Ou seja, duas partes que interagem para formar para todos, neste caso para a formação da grande literatura universal e da formação do homem.
Ora, se a literatura é uma das formas de linguagem, para além disso ela dialoga com o leitor e cria no indivíduo um ajustamento para com o mundo e por meio desse ajustamento acaba por inserir o aluno via conhecimento de outros mundos, logo, poderíamos pensar que a mesma é autônoma, para além imaginarmos que ela seja uma ciência por dar um novo prisma para outras áreas.
Essa troca de informações, idéias e cultura, fazem da literatura uma grande expressão da arte, tendo capacidade integradora, em que retoma e atualiza a própria condição existencial de um ser situado, que não conhece o mundo como uma coleção de objetos diante de si, mas como horizonte originário do sentido que se materializa em cada experiência vivida. Lembrando Paulo Freire: “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo” (FREIRE, 2002).
Logo, muitas questões cercam a intencionalidade da Educação e conseqüentemente da literatura, uma vez que esta é parte integrante da cultura escolar , bem como o conceito da disciplina de literatura, pois a mesma sempre esteve à mercê de seus períodos históricos e sociais que determinavam seu ensinamento.
Quando refletimos sobre a forma metodológica do ensino da literatura, e analisamos a respeito da aversão dos nossos alunos às obras literárias, ocorrem-nos sempre os problemas de ensinamentos dos textos literários. Obras fora do contexto atual e longe da realidade estudantil. Da mesma forma em que há diferenças substantivas e subjetivas na maneira na qual os professores encaram e exercem o ensino da literatura no âmbito da disciplina de Língua Portuguesa.
Todavia, antes de analisarmos a parte comportamental de nossos alunos diante do conteúdo da disciplina de literatura, há de se fazer uma fundamental ressalva na problemática do ensino, neste caso para a formação de professores do Curso de Letras, que reside no tratamento generalizado para o ensino da disciplina de literatura no âmbito da disciplina de Língua Portuguesa.
Essa máquina educacional acaba por produzir em série um corpo discente despreparado, do mesmo jeito que forma sem a preocupação de como esse grupo discente vai se tornar docente (professores de literatura) e como usará as metodologias ensinadas. Na seqüência dos fatos essa mesma máquina institucional acaba por receber um novo grupo de alunos formado por aqueles que ela própria certificou sendo aptos a ministrarem. Sendo assim, o ciclo está fechado de forma viciosa e trazendo consigo a falta de leitores aptos para o mundo literário.
Logo, uma nova competência à capacidade de organizar e de dirigir situações de aprendizagem faz-se necessária, porque cada aluno, sem dúvida alguma, vivência à aula conforme o seu humor, sua capacidade de concentração e tudo que lhe ligue ao mundo que o interessa no que aprendeu e na literatura não se dá de forma desigual.
Desta forma, entendemos que o ensino da leitura literária não pode ser apenas imposto, ele deve sim, ser incentivado, pois, sempre que possível, dar liberdade de escolha. Da mesma forma que entendemos que esse processo somente se dará diante de professores preparados para ministrarem tais ensinamentos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário