terça-feira, 1 de setembro de 2009

Os Reflexos da Má Educação



Lendo o artigo do nobre colega, Professor de Filosofia, Zeferino Lopes, da Escola Secundária de Penafiel, na zona do Porto, o mesmo traz como título “Os Pequenos ditadores”, Zeferino aborda a má educação e aponta que ela nasce dentro de casa. Comenta ainda que esses “ditadores” chegam à escola já “mimados” pelas atitudes dos pais que são formas de suprir a falta do tempo que não têm com seus filhos. “...A criança sente que é ela que, efectivamente, ordena e os pais obedecem, fazendo tudo” “...Muitas, porque trabalham os dois e chegam cansados a casa e sentindo uma certa culpabilidade por não terem acompanhado o filho o dia todo, pensam erroneamente que devem servi-lo, protegê-lo e dar-lhe tudo para o compensar dessa “falta””.
Ao mesmo tempo comenta que essa educação reflete dentro da escola e diz: “ O pior sucede quando o “pequeno ditador” chega à escola. Trata os professores como o mesmo desrespeito e insolência que trata os pais. Se são chamados à atenção, ripostam com arrogância e altivez: “Mas, eu não fiz nada!” “...Se é severamente reprimido por algum comportamento mais descabido, não suportando qualquer frustação porque teve sempre a resposta pronta e desejada dos pais, vai apresentar-lhes queixa...”.
E, por fim, afirma que “os “pequenos ditadores” têm sempre uma saída: em primerio responsabilizam perante os pais, os professores das disciplinas sem exame, mas que sendo exigente, não embarcam no facilitismo da boa nota; em segundo lugar, pedem aos pais que façam pressão na direcção da escola para que o (a) professor(a) seja substituído por um que dê melhores notas por um preço mais baixo como se os professores estivessem à venda”.
Concordo com o artigo do Professor e entendo que as pessoas tomaram um caminho, parece, sem volta e a tendência é cada vez piorar mais e mais, dando-nos a sensação que saímos dos trilhos .
Quando me debruço na reflexão do professor Zeferino, um questionamento surge e a pergunta é: quem são os pais? Sim, porque parece-me que precisamos começar por casa. E dentro de tudo isso não podemos ter uma sala de aula para os filhos e uma para os pais, se bem que a idéia não seria má.
Todavia, respondendo a minha pergunta, quero chamar a atenção para algo que penso ser fundamental: os pais já foram nossos alunos.
E, com essa linha de raciocínio quero me prender em outra parte do artigo do Professor, na parte inicial, a qual o mesmo afirma que: “ Não, não me refiro a alguns directores (as) que pululam por aí em alguns agrupamentos ou escolas e que têm manifestos tiques autoritários. Não seria difícil demonstrar que estes, em vez do “quero, posso e mando” não são mais do que joguetes ou marionetas nas mãos do poder ou de grupos de pressão, representados no Conselho Geral...”
Pois, temos uma categoria desunida, fragilizada pelo sistema que determina quem deve comandar, quem deve estar a frente da escola e consequentemente, em sala de aula. E o pior disso tudo, por anos, por séculos é assim que tem funcionado.
Antes de atirar a primeira pedra , até porque o meu telhado é de vidro, quero buscar na minha lembrança alguma coisa que tenha lido que afirme que a função da escola é somente didatica. Rebusco minhas lembranças e penso que foi ai que nos perdemos, entre um pensar e outro, perdemos o caminho.
E, voltando ao pensar anterior, os pais já foram nossos alunos. Logo, se os pais já foram nossos alunos e hoje são eles quem determinam a educação inicial dos futuros alunos, onde está o começo disso tudo? Vou afirmar que na escola.
Temos o maior poder, ou tínhamos, somos a maior entidade humana na construção do ser. Mas, esse pensar sempre foi negado à escola, porque para ela foi dado somente a função didática. A responsabilidade também é da escola.
Quando falo em responsabilidade social, falo de um todo, todos temos a responsabilidade um sobre os outros e a escola tem de deixar de ser somente didatica. Responsabilizar a escola, não é dar-lhe margens a mais responsabilidades, além das didaticas, mas dar responsabilidade.
Fico a pensar muito nisso, no real papel da escola, de nós professores na formação do indivíduo. É uma corrente que não pode ser rompida, porque se houver falhas, os alunos de amanhã tornar-se-ão pais e suas atitudes vão refletir, é um bumerangue arremeçado e ele volta para as mãos de quem o lançou.
A escola precisa formar para a vida, porque se for determinada para ela somente as funções didáticas, anuncio que ela está no final.
Precisamos formar seres melhores, para que os mesmos desenvolvam suas habilidades e saibam, também, educar seus filhos com competência, para além disso, terem uma profissão que gostem, que não sejam somente corredores capitalistas e com isso tudo consigam ter o equilibrio entre o trabalho e família.
A escola precisa dar um passo maior em direção da formação do ser humano, caso contrário será vítima das suas ações.

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