
Do término do final do século XIX ao início do século XX, Portugal desponta para uma busca cultural expressiva, especialmente no que diz respeito às questões direcionadas à educação e à formação dos portugueses.
Partindo da ideia de que a escola era a "ponte" ao desenvolvimento dos cidadãos, avança-se no sentido de desenvolver homens e mulheres mais cultos, conscientes das suas participações, tanto na vida social, bem como terem uma desenvoltura à política do país. Neste linear trava-se uma luta contra o analfabetismo.
A ideia de ter homens cultos, alfabetizados norteava a construção de um novo país que regeneraria a economia e, consequentemente, estruturaria a sociedade no todo. Emergia assim, uma força nos discursos progressistas que alavancavam alusões de um país futurista.
Logo, emerge, também, a preocupação mais centralizada na formação de docentes para o ensino primário, no entanto, a importância de se capacitar os professores foi crescente, culminando em reestruturação também do ensino normal que ocorrera entre 1862 e 1930.
Essa cadeia evolutiva da história da educação não passou despercebida, ao contrário, passou a apresentar-se nos programas educacionais, facilmente observada nos manuais pedagógicos que passaram a ser utilizados nas escolas normais, e foram evoluindo gradativamente até chegar a uma estrutura disciplinar autônoma.
Em 1919, consagra-se a história da educação com a estrutura que desenvolveu, com a criação de duas cadeiras, quais sejam, “Pedagogia Geral e História da Educação” e “História da Instrução Popular em Portugal”, momento em que tal disciplina assumia importância e significância nas escolas de formação de docentes.
Essa fase da história da educação, absolutamente importante gerou um arcabouço documental, uma vez que toda a evolução foi amplamente registrada em manuais de pedagogia e de história da educação que foram desenvolvidos e publicados à época. Esses manuais enveredam os leitores a um mundo de idéias pedagógicas, temas, e histórias de importantes educadores assim como toda a criação e evolução estrutural da formação de professores. Da mesma forma que apresentam a idéia da reflexão evolutiva desenvolvida no ensino normal.
Numa trajetória contínua de ideais progressistas, o ensino da disciplina “história da educação”, exibiu que, a evolução da humanidade se media pela evolução da educação. A figura do professor passou a ser dignificada, não se tratava o mestre como um profissional, mas como um missionário com aspecto republicano e positivista.
Registrando a dimensão nacional da importância da educação e sua história no país, os manuais de “história da Instrução Popular em Portugal” de “Pélico Filho” (1923), deram maior publicidade à história com relação às idéias e desenvolvimento da educação popular, seja na esfera publica ou no âmbito particular.
Os manuais de educação não se resumiam apenas em fatos e idéias, eles registravam todo o processo que envolvia a evolução educacional, desde dispor sobre os utensílios pedagógicos, materializados em objetos fabricados para uso educacional, até documentos múltiplos que serviam de suporte.
Enfim, toda a estrutura criada reflete a realidade que se vivenciava à época dos fatos, evidenciando de forma definitiva as influências históricas da evolução educacional disciplinar, a fim de se perceber o significado da História da Educação, na solidificação do sistema de formação de docentes em Portugal.